sexta-feira, 23 de março de 2007

" Hermínia olhou-me carinhosamnete nos olhos com um sombrio olhar que surgiu de repente. Soberbos e promissores olhos! Lentamente, buscando as palavras uma por uma, e colocando-as uma após outra, disse, em voz tão baixa qu tive de esforça-me para ouvi-la:

- Quero dizer-lhe hoje uma coisa que já sei há muito e que você também sabe, mas que talvez nunca a confessou a si mesmo. Quero dizer-lhe agora o que sei de mim, de você, de nosso destino. Você, Harry, sempre foi um artista e um pensador, um homem cheio de fé e de alegria, sempre no encalço do grande e do eterno, nunca se contentando com o bonito e o mesquinho. Mas quanto mais foi despertado pela vida e conduzido para dentro de si mesmo, tanto maior se tornou a sua ncessidade, tanto mais fundo mergulhou no sofrimento, na timidez, no desespero; mergulhou até o pescoço, e tudo o que no passado conheceu, amou e venerou como belo e santo, toda a sua fé de então nos homens e em nosso elevado destino, nada pôde ajudá-lo, tudo perdeu o valor e se fez em pedaços. Sua fé não encontrou mais ar que respirasse. E a morte por asfixia é uma morte muito dura. Não é verdade, Harry? Não é este o seu destino?

Eu assentia, assentia e assentia.

- Você trazia no íntimo uma imagem da vida, uma fé, uma exigência; estava disposto a feitos, a sofrimentos e sacrifícios, e logo aos poucos notou que o mundo não lhe pedia nenhuma ação, nenhum sacrifício nem algo semelhante; que a vida não é nenhum poema épico, com rasgos de heróis e coisas parecidas, mas um salão burguês, no qual se vive inteiramente feliz com a comida e a bebida, o café e o tricô, o jogo de cartas e a música de rádio. E quem aspira a outra coisa e traz em si o heróico e o belo, a veneração pelos grandes poetas ou a veneração pelos santos, não passa de um louco ou de um Quixote. Pois bem, meu amigo, comigo também foi assim! Eu era uma jovem bem-dotada, com vocação para viver dentro de um elevado padrão, para esperar muito de mim mesma e para realizar grandes feitos. Poderia ter um belo futuro, ser esposa de um rei, a amante de um revolucionário, a irmã de um gênio, a mãe de um mártir. E a vida só me permitiu ser uma cortesã de mediano bom gosto, o que já se vai tornando bastante difícil para mim! Foi isso o que me aconteceu. Fiquei algum tempo desconsolada e procurei com afinco a culpa em mim mesma. A vida, pensava eu, sempre acaba tendo razão, e se a vida se ria dos meus belos sonhos, pensava, era porque meus sonhos tinham sido estúpidos e irracionais. Mas isso não me valeu de nada. Mas como tivesse bons olhos e ouvidos, e, além disso, fosse curiosa, examinei a vida com certa atenção, observei meus vizinhos e conhecidos, mais de cinquenta pessoas e destinos, e percebi então, Harry, que meus sonhosmestavam certos, estavam mil vezes certos, assim como os seus. Mas a vida, a realidade, não tinha razão. O fato de uma mulher de minha classe não ter alternativa senão envelhecer de maneira insensata e pobremente junto a uma máquina de escrever a serviço de um capitalista, ou casar-se com ele por seu dinheiro ou converter-se numa espécie de meretriz, era tão injusto quanto o de um homem como você, solitário, tímido e desesperado, ter de recorrer 'a navalha de barbear. Talvez a miséria em mim fosse mais material e moral, e em você mais espiritual; mas o caminho era o mesmo. Pensa que não pude reconhecer a sua angústia diante do foxtrote, sua repugnância pelos bares e pelos dancings, sua hostilidade para com a música de jazz e tudo o mais? Compreendia e muito bem, como compreendia seu horror pela política, sua tristeza pelo palavreado vão e a conduta irresponsável dos partidos e da imprensa; seu desespero diante da guerra, as passadas e as futuras; pela maneira como hoje se pensa, se lê, se edifica, se compõe música, se celebram as festas e se educa! Você tem razão, Lobo da Estepe, mil vezes razão, e contudo terá de perecer. Vive demasiadamente faminto e cheio de desejos para um mundo tão singelo, tão cômodo, que se contenta com tão pouco; para o mundo de hoje em dia, que lhe cospe em cima, você tem uma dimensão a mais. Quem quiser hoje viver e satisfazer-se com sua vida, não pode ser uma pessoa assim como você e eu. Quem quiser música em vez de balbúrdia, alegria em vez de prazer, alma em vez de dinheiro, verdadeiro trabalho em vez de exploração, verdadeira paixão em vez de jogo, não encontrará guarida neste belo mundo...

Olhou para baixo meditando."

(O Lobo da Estepe - Hermann Hesse)

quinta-feira, 22 de março de 2007

Um viva aos japinhas!



Fazendo uma singela homenagem aos japinhas que compareceram a linda Aurora! :)

Foto: Carol Paternostro

Em: http://picasaweb.google.com.br/soononmoon

:D

terça-feira, 6 de março de 2007

Boa notícia!

05/03/2007
Curso de Língua Japonesa - Núcleo de Estudos Japoneses (NEJ) abre inscrições para nova turma do curso de Língua Japonesa – matrículas até 23/março, na Proex

Interessados na cultura japonesa podem se inscrever, até o dia 23 de março, no Curso de Língua Japonesa promovido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Coordenado pelo Núcleo de Estudos Japoneses (NEJ), o curso oferece em seu programa práticas de conversação e normas gramaticais, além das regras básicas da escrita japonesa.
As vagas disponíveis são para as turmas de nível Iniciante e Básico. As aulas começam no final deste mês e acontecem sempre às segundas e quartas-feiras, das 18h às 19h30, para a turma iniciante, e das 16h as 18h, para o nível básico.
O investimento para o curso semestral é de R$200, podendo ser dividido em duas vezes no cheque. As inscrições devem ser efetuadas na sede do NEJ, localizada na Pró-Reitoria de Extensão (Proex), na Avenida Jorge Amado, Boca do Rio, s/n. O atendimento ocorre diariamente das 8h as 12h e das 14h as 17h.

O NEJ funciona há 12 anos, oferecendo, além dos cursos de idioma, cursos de origami, bonsai e arranjos florais. Segundo a coordenadora, Midore Inomata, o objetivo do núcleo é divulgar e valorizar ações culturais sobre o Japão na Bahia.
Informações: Nej - tels.: (71) 9141-8296 e 3371-0107, ramal 210.

http://www.uneb.br/exibe_noticia.jsp?pubid=1585

Como diz minha querida amiga Lety: "Agora, eu faço cursos!"

:)