quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Diálogo entre Promethea e Jack Faust:

Jack Faust: ... Ela devia se livrar de todas as idéias mundanas antes de poder entrar nua no submundo.

Promethea: Porque todo esse simbolismo etéreo se você só quer que eu tire a roupa?

Jack Faust: O mesmo se aplica a qualquer submundo, qualquer grande mistério, seja a magia... ou o sexo.

Promethea: O que devo tirar primeiro?

J.F.: Hmmm. As suas sandálias talvez. E só o simbolismo da magia da significado as coisas. Você em especial já deveria saber disso. Podemos fazer amor entre os deuses, ou transar num colchão sujo. A escolha é nossa. E, por acaso, as sandálias são uma das armas mágicas da esfera lunar da imaginação... Ou seja, a imaginação é como as sandálias nos pés. Ela nos propele em nosso caminho pessoal...

P.: Sim, faz sentido. E tanto nossos pés quanto a nossa imaginação podem nos levar a situações muito estranhas. Mas enfim... Agora o que? (...)

J.F.: A... A saia é a arma mágica da sétima esfera, a esfera de Vênus. A esfera da emoção, do amor e de... Ah. Meu Deus.

P.: Deus, sr. Faust?

J.F.: Sim. Ou, ao menos, Deus visto como mulher, o princípio feminino mais exaltado. Seu símbolo é o receptáculo sagrado. O receptáculo entre as pernas da mulher é o aspecto mais elevado da taça. O cálice. O graal da compaixão divina. Ele acolhe. Ele recebe. O santo graal é feminino. Lembre-se disso. Ele é a essência feminina.

P.: Sim, o santo graal. Ahh. Então é isso o que todos aqueles cavaleiros medievais tanto buscavam em suas cruzadas...?

J.F.: ... Com suas lanças erguidas. Sim. É muito obvio, se você pensar bem. Mas quem pode culpá-los? Esse cálice sagrado... Cheio com o vinho das estrelas. Feito com as melhores uvas da alma humana.

P.: E era só isso o que aqueles heróis buscavam? Um gole do cálice da compaixão para acalmar suas almas sedentas? Eles buscavam o feminino?

J.F.: Sim... Eles queriam se saciar com o feminino. Se afogar nele. Talvez até se transformar nele. Todos os guerreiros. Todos os magos. Todos os homens.

P.: Ah. Então se deleite homem. Mate a sua sede... Agora, vamos ver... Ah... Quais mistérios o homem esconde... Ah... Sob seus invólucros. (...)

J.F.: Pronto. Aqui está. O bastão. O símbolo de Deus visto como homem; do máximo principio masculino... O símbolo do mago, da força; o símbolo daquilo que penetra o mistério. Talvez você queira imaginá-lo maior. E brilhante.

P.: Ha, ha, ha. Não, esta bem assim. Aliás, você tinha razão. Sua alma é mesmo muito interessante e atraente. E acho que não devia se preocupar com a sua forca mágica. Venha. Vamos para cama.

J.F.: Claro. Meu Deus, você é incrivel. É como segurar um bebê, ou uma nebulosa...

P.: Ou uma mulher?

J.F.: Sim, sim, também tem um pouco disso. Olha, tente não prestar muita atenção no quarto ou na cama, ta? A aparência não importa, e sim o significado disso tudo.

P.: É? E qual seria ele?

J.F.: O significado é o mesmo desde a era das cavernas. Segurança, calor... Imagine que um único quarto já existiu. Uma única cama. Imagine que foi aqui onde Paris e Helena se amaram. Onde Stalin, ou Leonardo, ou Eva Perón, foram concebidos, nasceram e morreram... E que aquele rasgo é Galileu. Aquela rachadura é Anne Frank. Aquela mancha é Kennedy, ou Monroe. Aquela mola solta? Oliver Hardy. E nós somos todos eles. E isto, este momento... É tudo.
Está vendo? É como o fim da busca pelo graal na ópera de Wagner... A lança, o bastão... Deve ser imerso no cálice. Masculino... Imerso... No feminino...

P.: Sim. Isso, ai mesmo.

J.F.: A força... Imersa... Na compaixão... Fogo... Imerso... Na água...

P.: Ah. Ah, ele desce... Tão fundo... Como... Como pode isso?

J.F.: Ele pode fazer isso porque a compaixão é... insondável. Infinita... Como a maré, como o vento. Como sua pulsação, como os raios-X emitidos por uma estrela morta. Indo e vindo. Aceso e apagado. Dentro e fora... Infinito. Um ritmo. Infinito. Você compreende?

P.: Aahh... Sim. Mas me explique de novo.
Promethea número 10 por Alan Moore
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Li essa edição de Promethea há um tempo pela Pixel Magazine. Agora já tá rolando um compilado com as primeiras histórias editado pela Pixel. A história original foi publicada pela America Best Comics, editora de Alan Moore (que não sei se existe mais), em 1999.
Definitivamente, Alan Moore é um roteirista do ca*****.
Watchmen que o diga!
- Quem gosta de quadrinhos levante a mão! ;)
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1 comentário:

Anónimo disse...

hmmmm!!! fiquei curioso sobre esse quadrinho!!! vou procurar!!!
=))))
massa o blog!!!
eheuheue